terça-feira, 28 de julho de 2009

CONFISSÃO POSITIVA

Os arautos ensinam e afirmam: “Não sou fraco, não fico doente, não passo necessidade, então sou forte”.

Não podemos confessar nossas doenças porque elas não existem, porque são apenas sintomas colocados pelo diabo para nos enganar? O Apóstolo desconhecia essa estratégia do inimigo. Não negou que estava doente quando pregou pela primeira vez aos gálatas (Gl 4.13-14) e confessou a doença de Trófimo e a freqüente enfermidade de Timóteo (2 Tm 4.20; 1 Tm 5.23).

“Mas confio no Senhor que também eu mesmo, em breve, irei ter convosco. Julguei, contudo, necessário mandar-vos Epafrodito, meu irmão, e cooperador, e companheiro nos combates...
porquanto tinha muitas saudades de vós todos e estava muito angustiado de que tivésseis ouvido que ele estivera doente. E, de fato, esteve doente e quase à morte, mas Deus se apiedou dele e não somente dele, mas também de mim, para que eu não tivesse tristeza sobre tristeza” (Fp 2.24-27).

Primeiro, deduz-se desse relato que crente adoece e poderá chegar a morrer em conseqüência da doença. Paulo também declara que Timóteo sofria de freqüentes enfermidades no estômago (1 Tm 5.23) e que ele mesmo orou três vezes ao Senhor para que se livrasse de um espinho na carne, e o Senhor não o atendeu (2 Co 12.7-10).

Segundo, vimos que Epafrodito e Timóteo não estavam com sintomas de doença, mas estavam enfermos mesmo.

Terceiro, Paulo não apelou para exigir seus direitos em Cristo ou para mandar o diabo sair nem dele nem de seus discípulos. Pelo contrário, considerou que a cura de Epafrodito foi resultado da misericórdia de Deus (“Deus apiedou-se dele”).

Quarto, o texto nos revela que Paulo sempre esperava que a vontade de Deus prevalecesse. Isto está ainda mais claro na questão do espinho na carne.

Talvez não tenha sido suficiente para convencer os contradizentes (Tt 1.9). Vamos então obter mais subsídios no livro de Tiago, escrito “para encorajar os crentes judeus que enfrentavam várias provações, que punham sua fé à prova, para corrigir crenças errôneas a respeito da natureza da fé salvífica”. Não há dúvida quanto aos destinatários do livro: “Doze tribos da Dispersão” (Tg 5.1); “irmãos” (5.2,19; 2.1,5; 5.7,9,10,12). Vejamos o que diz: “Está alguém entre vós aflito? Ore. Está alguém contente? Cante louvores. Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do Senhor; e a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará... Confessai as vossas culpas uns aos outros e orai uns pelos outros, para que sareis; a oração feita por um justo pode muito em seus efeitos” (Tg 5.13-16).

Nossas palavras têm poder? Aquilo que falamos se concretiza?
Não aconteceu com Jonas. Ele preferiu morrer a cumprir a missão em Nínive. Foi preciso passar pelo vale da sombra da morte para compreender que Deus é soberano e faz o que lhe agrada (Jn 1.12,17): “Agindo eu, quem o impedirá?” (Is 43.13).

A principal coluna em que a Confissão Positiva se sustenta, com relação às enfermidades, é Isaías 53.4-5

E pelas suas feridas fostes sarados” (1 Pe 2.24). “Pelas suas pisaduras fomos sarados”, de Isaías 53.5, recebe aqui o seu significado maior e o seu cumprimento na morte expiatória. Não a cura automática das doenças, mas a remissão de nossos pecados, que se verificou no Calvário, e não antes, visto que Ele morreu por nossos pecados (1 Co 15.3; cf. Jo 1.29; 2 Co 5.21; 1 Pe 3.18). Pedro não está afirmando que o sofrimento e morte de Jesus nos tornaram imunes às doenças.
Pedro usa a palavra “sarados” ao referir´se à salvação e todos os seus benefícios” (Bíblia de Estudo Pentecostal).

A cura de enfermidades continua na Igreja. Para isso, Deus distribui dons de curar, como já dito.
...Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do Senhor; e a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará...

À guisa de conclusão, destacamos:

1 - Não há uma cura automática de todos os enfermos que se convertem. Um paraplégico poderá ser curado na hora da conversão, ou permanecer enfermo pelo resto da vida. Nem por isto deixará de ser feliz e ter paz no coração, pois a alegria em Cristo independe das circunstâncias.

2 – As conseqüências da queda de Adão, pelo que herdamos um corpo corruptível e cheio de fraquezas, só serão desfeitas quando estivermos no céu, onde teremos um corpo incorruptível e imortal (1 Co 15.54). Na glória, “Deus limpará de seus olhos toda a lágrima, e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas” (Ap 21.4).

3 – Se acometido de alguma enfermidade, o crente deverá seguir as recomendações da Palavra de Deus, conforme Tiago 5.14-16: a) limpar sua vida de qualquer impureza; b) limpar o coração de qualquer sentimento de vingança ou ódio, e perdoar as ofensas; c) solicitar oração aos líderes da Igreja e aos irmãos; d) esperar no Senhor, confiante que Ele ouve as orações de seus filhos e agirá no tempo determinado, segundo a Sua vontade.

4 – O texto de Isaías 53.4-5, examinado o contexto, fala de cura espiritual (“transgressões”, “iniqüidades”) como resultado da morte vicária de Cristo, isto é, nossos pecados foram cancelados “por suas pisaduras”, no Calvário. Tal interpretação é evidenciada em 1 Pedro 2.24.

5 – A profecia de Isaías 53.4-5 concernente às enfermidades foi cumprida em Jesus durante seu ministério. Tal evidência está explicitada em Mateus 8.16-17.

6 – Assim como não precisamos decretar o perdão de nossos pecados, recebido pela fé, não precisamos decretar a cura de nossas enfermidades, que depende, como vimos, de nossa fé e da soberana vontade de Deus.

Os bereanos foram chamados de “mais nobres” em relação aos de Tessalônica “porque de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim” (At 17.11).
Sejamos tão nobres quanto aqueles irmãos de Beréia.


escrito por: Reverendo Gilson de Oliveira

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